Após cinco pregões consecutivos de queda, o dólar hoje fechou em alta frente ao real, refletindo um movimento de correção técnica e a valorização da moeda americana no exterior, em meio a um cenário de dados positivos nos Estados Unidos e aumento das preocupações com mercados emergentes.
SÃO PAULO - O dólar comercial subiu 0,47% fechando a R$ 2,3520. Já o contrato futuro para março avançava 0,42% para R$ 2,355.
Segundo profissionais, já era esperada uma correção na taxa de câmbio após o dólar ter acumulado uma queda de 2,34% nos cinco pregões anteriores, ditada especialmente pela melhora na percepção de risco do Brasil após o anúncio das metas fiscais na semana passada. Com a reação positiva se acomodando, o mercado voltou a ficar mais sensível aos movimentos do câmbio no exterior e aumenta a demanda por dólares na esteira da alta da moeda americana no mundo. “O mercado reflete um movimento de ajuste, após a queda nos últimos cinco pregões”, afirma José Carlos Amado, operador de câmbio da Renascença Corretora.
Dados positivos nos Estados Unidos e aumento da tensão política entre Rússia e Ucrânia levaram o dólar a subir frente às principais moedas emergentes.
A hryvnia ucraniana e o rublo russo estão entre os destaques de baixa, caindo aos menores patamares em cinco anos.
O rand da África do Sul recuava 0,97% frente ao dólar, após a revisão para baixo da previsão de crescimento do PIB do país de 3% para 2,7% para este ano, o que contribuiu para aumentar o pessimismo com as moedas emergentes.
De outro lado, dados positivos do mercado imobiliário nos Estados Unidos reforçam a visão de que os indicadores econômicos mais fracos divulgados recentemente refletem mais o impacto do rigoroso inverno nos Estados Unidos do que uma queda da demanda. As vendas de imóveis residenciais novos nos EUA aumentaram 9,6% em janeiro em relação a dezembro, para 468 mil unidades, acima da expectativa do mercado que era de 401 mil imóveis. Os investidores aguardam o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, amanhã no Senado, onde será sabatinada.
No mercado local, as atenções estão voltadas para a decisão sobre o novo patamar da taxa básica de juros, que será anunciado hoje à noite ao fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Para Amado, da Renascença, uma desaceleração do ritmo de alta da taxa Selic, com um aumento de 0,25 ponto percentual, já está refletida na taxa de câmbio. No entanto, a sinalização de uma interrupção do ciclo de aperto monetário poderia levar o dólar a ganhar força frente ao real. Mesmo assim, o executivo não vê uma forte pressão de alta do dólar, com a moeda americana podendo encostar em R$ 2,36.
Com o recuo do dólar para abaixo de R$ 2,35 nos últimos dias, muitos investidores aproveitaram para voltar a aumentar a posição na moeda americana no mercado local. Enquanto os estrangeiros continuam reduzido a posição comprada em dólar na BM&F, que somava US$ 23,050 bilhões na terça-feira, os investidores institucionais locais, que incluem os fundos de investimento e de pensão, aumentaram a posição comprada em dólar de US$ 4,982 bilhões na segunda-feira para US$ 5,178 bilhões ontem.
Seguindo o cronograma do programa de intervenção no câmbio, o Banco central vendeu hoje 4 mil contratos de swap cambial, cuja operação movimentou US$ 197,5 milhões.
Dados divulgados hoje pelo BC mostram que o fluxo cambial está positivo em US$ 94 milhões em fevereiro, até o dia 21. Na semana passada, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 224 milhões, resultado de uma saída líquida de US$ 528 milhões da conta comercial e de um superávit de US$ 304 milhões na conta financeira.
No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 1,704 bilhão, tendo registrado uma entrada líquida de US$ 2,046 bilhões na conta financeira e um déficit de US$ 342 milhões na conta comercial. No mesmo período do ano passado, o saldo cambial estava negativo de US$ 2,588 bilhões.
Fonte: Valor