SÃO PAULO - O real liderou os ganhos entre as moedas emergentes, que subiram frente ao dólar após os dados do relatório de emprego nos Estados Unidos em março terem vindo abaixo do esperado pelo mercado. A queda da divisa americana no mercado local foi intensificada pelo início da rolagem pelo Banco Central do lote de US$ 8,733 bilhões em contratos de swap cambial, que tinha vencimento previsto para 2 de maio. O mercado também reagiu a especulações sobre uma possível queda da presidente Dilma Rousseff na pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha, que será divulgada amanhã.
O dólar comercial fechou em queda de 1,67% a R$ 2,2440, menor patamar desde 31 de outubro de 2013. Com isso, a moeda americana acumula perda de 0,66% na semana e de 1,10% no mês. No ano, o dólar cai 4,79%.
No mercado futuro, o contrato de dólar para maio recuava 1,61%.
Em março foram abertas 192 mil vagas de emprego nos Estados Unidos, de acordo com dados divulgados hoje pelo Departamento de Trabalho americano. A taxa de desemprego ficou estável em 6,7%. Os números vieram abaixo da expectativa dos analistas, que esperavam a abertura de 200 mil vagas e uma taxa de desemprego de 6,6%.
O número deu fôlego às moedas emergentes diante da expectativa de que o Federal Reserve deve manter a política gradual de retirada dos estímulos monetários, diminuindo a possibilidade de uma antecipação da alta da taxa básica de juros. Lá fora, o dólar caía 0,57% frente ao dólar australiano, 0,75% diante do rand sul-africano, 0,84% em relação à lira turca e 0,80% diante do peso mexicano.
A aposta de que o Fed ainda deve manter a taxa de juros baixa por um tempo considerável e a expectativa da adoção de medidas de estímulo monetário pelo Banco Central Europeu (BCE) para estimular a economia na zona do euro têm favorecido as operações de “carry trade”, que buscam ganhar com a arbitragem de juros.
O Brasil, com uma taxa básica de juros em 11%, tem sido um dos mercados que mais têm atraído esses capitais de curto prazo.
O fluxo positivo e as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio têm sustentado o patamar baixo da moeda americana.
Hoje o BC deu início à rolagem do lote de US$ 8,733 bilhões em contratos de swap cambial, que tinha vencimento previsto para 2 de maio. Seguindo a estratégia de rolar 10 mil contratos por dia, o BC fez a rolagem de todos os contratos colocados no leilão, cuja operação movimentou US$ 493,6 milhões. Os contratos foram rolados para os vencimentos em 2 de janeiro e 1º de abril de 2015.
Mais cedo, o BC vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial ofertados do programa de intervenção diária no câmbio, cuja operação movimentou US$ 198,2 milhões.
O mercado também reagiu hoje a especulações sobre a possibilidade de uma queda da presidente Dilma Rousseff na pesquisa Datafolha que será divulgada amanhã. Na última pesquisa de intenção de votos realizada pelo Ibope, a presidente Dilma aparecia com 43% das intenções de votos, o que lhe garantia a reeleição.
Com o dólar abaixo de R$ 2,25, no entanto, os exportadores estão optando por adiar as operações de contratação de câmbio, esperando uma cotação melhor do dólar. Em março, o fluxo na conta comercial estava negativo em US$ 932 milhões, até o dia 28. No ano, a conta comercial tem déficit de US$ 1,469 bilhão. “Os exportadores não estão querendo fechar o câmbio para exportação com o dólar baixo. O câmbio está apreciando justamente no pico de safra, e isso é ruim para o exportador”, afirma João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora.
(Silvia Rosa | Valor)
Fonte: Valor