Moeda norte-americana subiu 0,24%, para R$ 2,2836.
Governo mudou imposto para empréstimo para estimular entrada da moeda.
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (4) mesmo depois de o governo anunciar uma medida para incentivar a entrada da moeda no país e reduzir a valorização – que já chega a 2,68% nas últimas quatro sessões.
Para ajudar no mesmo sentido, o Banco Central também manteve uma oferta maior de swaps cambiais em leilão de rolagem – que equivalem à venda de moeda no mercado futuro.
A moeda norte-americana subiu 0,24%, para R$ 2,2836, maior patamar desde 26 de março passado, quando fechou a R$ 2,3084. Veja cotação
Na semana, o dólar subiu 1,91%, mas no ano há queda de 3,13%.
Nesta quarta, o governo decidiu isentar empréstimos no exterior com prazo a partir de seis meses. Antes, a empresa que buscasse dinheiro fora do Brasil não pagava Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos com prazo mínimo de 360 dias. No caso de operações inferiores a 180 dias, a alíquota de IOF continua em 6%.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo da medida é "normalizar" o mercado de câmbio e deve ajudar bancos pequenos a buscar empréstimos no exterior. A entrada de recursos no país favorece, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia a ficar menor.
Com a alteração nas regras, o ministério estima deixar de arrecadar R$ 10,31 milhões em IOF neste ano.
Economia internacional
"O mercado ficou mais sensível nesta véspera de eventos importantes", afirmou à Reuters o economista da Lerosa Investimentos Carlos Vieira.
A divisa subiu no exterior com cautela antes da reunião do Banco Central Europeu (BCE). A expectativa é de que a autoridade monetária anuncie na quinta-feira novas medidas de estímulos e, por isso, os investidores preferiram a cautela antes. Nesta sessão, o dólar subiu em relação ao euro e ao iene.
Além disso, o mercado está atento à divulgação do relatório de emprego nos EUA sexta-feira, que pode trazer indícios sobre o futuro da política monetária pelo Federal Reserve, banco central norte-americano.
Desvalorização do dólar
Analistas e operadores do mercado afirmaram que o governo e o BC estão reforçando a estratégia para reduzir a cotação da moeda norte-americana e evitar que ela ajude a elevar ainda mais a inflação – isso ocorre porque há muitos produtos cotados em dólar.
O efeito das medidas, no entanto, está limitado por dúvidas persistentes sobre o futuro do programa de intervenção no mercado de câmbio. "A percepção do mercado é de que a medida tem efeito pequeno em termos de dinâmica futura do câmbio", afirmou à agência o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.
"O governo está chamando investidor de curto prazo para tentar aumentar o fluxo porque o problema é a inflação. É por isso que o governo e o BC não querem um dólar muito valorizado", afirmou à Reuters o superintendente de câmbio da Advanced corretora, Reginaldo Siaca.
Falando em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que a retirada do IOF tenha sido motivada por preocupações com a inflação. Segundo ele, a medida tem por objetivo "normalizar" o mercado de câmbio e melhorar as condições de financiamento para alguns setores da economia.
Inflação
A inflação ao consumidor no país tem dado sinais de desaceleração, mas se mantém perto do incômodo patamar de 6% ao ano. Pesquisa Focus do Banco Central estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano em 6,47%, bem perto do teto da meta do governo, de 6,5%. Uma valorização excessiva do dólar pode fazer a inflação estourar essa meta.
Para o analista da consultoria 4Cast, Pedro Tuesta, a mudança do IOF tem como objetivo "primário" conter a valorização do dólar em relação ao real. "Os empréstimos de curto prazo não são o objetivo das empresas", argumentou ele à Reuters, lembrando que os empréstimos mais longos já não pagam IOF.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de 4 mil swaps cambiais do seu programa de intervenções diárias. O banco também vendeu 10 mil swaps com vencimento em 1 de abril de 2015, o mesmo montante ofertado no dia anterior, para rolagem de contratos que vencem em 1º de julho.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega as moedas norte-americanas. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção da cotação, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11%. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.
Fonte: G1