Segundo Lagarde, os governantes precisam levar as reformas mais a sério. Nova contração econômica na região é avaliada 'entre 35% e 40%' pelo FMI
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou nesta quinta-feira (9) que "há sérios riscos de uma nova recessão na zona do euro". Segundo ela, a Eurozona enfrenta sérios riscos de uma nova recessão se não adotar medidas para impulsionar o fraco crescimento na região.
“Não estamos sugerindo que a Eurozona se dirige a uma recessão, mas dizemos que existem sérios riscos de que isso ocorra se nada for feito a respeito”, disse Lagarde em uma coletiva de imprensa à margem da assembleia anual do FMI em Washington, segundo a agência France Presse.
De acordo com Lagarde, a probabilidade de uma nova contração econômica na região é avaliada pelo FMI “entre 35% e 40%”. “Mas se as medidas adequadas forem colocadas em andamento, se os países em déficit e aqueles que estão em avanço fizerem o que deve ser feito, isso é evitável”, disse.
Os governantes globais precisam levar reformas econômicas mais a sério, ou podem ver suas economias presas em um ciclo de crescimento medíocre com alta dívida e desemprego, complementou a diretora do Fundo, segundo a Reuters.
Na terça-feira (7), o FMI revisou em baixa suas previsões de crescimento para a zona do euro em relação à previsão divulgada em julho, a 0,8% neste ano e 1,3% em 2015, ao mesmo tempo em que alertou contra o estancamento da atividade e a queda generalizada dos preços em toda a região, segundo a France Presse. Para Lagarde, uma parte muito modesta dessa baixa está relacionada às repercussões econômicas pela crise na Ucrânia e pelas sanções contra a Rússia.
O principal economista do FMI, Olivier Blanchard, havia dito na terça-feira que a zona do euro poderia no futuro ser o problema principal para a economia mundial, caso os riscos de deflação se materializassem na região.
Lagarde disse que seu conselho não mudou muito desde seis meses atrás — última vez em que ministros das Finanças e autoridades de bancos centrais se reuniram em Washington para reuniões do FMI e do Banco Mundial —, mas que mais ameaças pairam no horizonte.
"A mais recente fotografia da economia global parece desconfortavelmente familiar: uma recuperação frágil e desigual, com crescimento mais lento que o esperado e crescentes riscos", afirmou ela em sua "Agenda Global de Políticas" que estabelece prioridades para o FMI e seus 188 países membros.
Em seu relatório "Perspectiva Econômica Global" divulgado nesta semana, o FMI cortou as projeções de crescimento pela terceira vez neste ano, a 3,3% em 2014 e 3,8% em 2015, advertindo sobre a performance mais fraca de países centrais da zona do euro, Japão e grandes mercados emergentes, como o Brasil.
"É necessário transmitir ao longo dos países membros um prêmio muito maior a políticas com o objetivo de decisivamente elevar o crescimento observado hoje e o crescimento potencial de amanhã", disse Lagarde.
O FMI tem alertado que particularmente a zona do euro ameaça afundar em um marasmo de baixo crescimento enquanto enfrenta desemprego alto e inflação baixa.
Fonte: G1