Perspectiva de 'novo começo' é chave para manter nota de risco brasileira.
Em setembro, Moody's alterou para negativa a perspectiva de nota do país.
Encerradas as eleições, o governo brasileiro enfrenta o "desafio imediato" de recuperar a confiança dos investidores e de apresentar um "novo começo" crível para a economia, segundo relatório da agência de classificação de risco Moody's. De acordo com a agência, as perspectivas para esse "novo começo" são cruciais para a nota do país, que está hoje em Baa2, com perspectiva negativa.
"Restabelecer a confiança é importante para manter a dívida do governo em níveis suportáveis, promover o investimento do setor privado e assegurar que a resposta negativa do mercado à eleição não conduza a uma tendência de baixa nos preços dos ativos", afirma a Moody’s.
A agência aponta que um dos desafios mais imediatos da presidente Dilma Rousseff é apontar como as políticas econômicas e os objetivos de seu segundo mandato serão diferentes do primeiro.
“É possível que, na ausência de uma diretriz clara sobre a trajetória política que o governo pretende seguir, os investidores mantenham a abordagem ‘esperar para ver’, a atividade econômica permaneça restringida e os mercados financeiros sejam submetidos a correções periódicas”, afirma, em nota, o vice-presidente sênior da Moody's, Mauro Leos.
Nota
Em setembro, a Moody's alterou, de estável para negativa, a perspectiva de nota do Brasil – o que significa que ela pode ser rebaixada. Segundo a agência, a decisão "refletiu o risco crescente de que o contínuo baixo crescimento e a piora dos indicadores de dívida sinalizem uma redução na qualidade de crédito do Brasil e irão deflagrar uma migração em sentido declinante em seu rating de crédito".
Na nota desta terça-feira, a agência afirmou que "as próximas semanas irão oferecer um panorama útil sobre se tal reversão parece possível".
Fitch
Na segunda-feira, a agência de classificação de risco Fitch também falou sobre as perspectivas após as eleições brasileiras. Segundo a agência, o cenário de dificuldades para empresas brasileira em 2015 não foi alterado com a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Segundo a agência, problemas sistêmicos como inflação e sistema tributário excessivamente complexo e ineficiente continuarão a prejudicar os fluxos de caixa das companhias.
A Fitch afirmou ainda que a demanda doméstica deve continuar fraca, uma vez que a confiança dos empresários e consumidores não vai se recuperar de maneira significativa.
"Estes desafios, além da queda nos preços da commodities, provavelmente vão levar a um aumento na alavancagem das empresas e a uma tendência de ações negativas de rating em 2015", afirmou a Fitch em comunicado à imprensa.
Fonte: G1