Déficit externo pode frustrar projeção do Banco Centrale passar dos US$ 80 bilhões este ano
Brasília - O rombo nas contas externas bateu novo recorde para meses de outubro, atingindo US$ 8,1 bilhões. Com isso, o déficit nas relações com o exterior pode frustrar a projeção atual do Banco Central e superar os US$ 80 bilhões neste ano. Para evitar essa marca, o BC teria de registrar, pela primeira vez em oito anos, um superávit em dezembro, pois em dezembro a projeção da própria autoridade monetária é de novo déficit de US$ 8 bilhões.
Para piorar esse cenário negativo, a estimativa de US$ 63 bilhões do BC para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), forma de financiamento mais saudável desse buraco, também não deve ser atingida este ano, já que até outubro estava em US$ 51,2 bilhões e a expectativa para novembro é de ingressos de mais US$ 4 bilhões - em outubro foi de US$ 4,98 bilhões.
Previsões
Apesar da quase comprovação de que as previsões não serão atingidas este ano, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a instituição só irá apresentar novas estimativas no mês que vem, quando serão divulgados os dados de novembro. Ele chegou a salientar que dezembro costuma ser um mês favorável às contas externas. Ocorre que tanto em 2012 quanto em 2013, o déficit do último mês do ano ultrapassou US$ 8 bilhões. A última vez que o saldo ficou no azul em dezembro foi em 2006, quando chegou a US$ 440 milhões.
O técnico avaliou ainda que o IED, que é voltado para o setor produtivo, segue fluindo em “níveis significativos” para o Brasil e deixando o País em situação confortável para tapar o déficit. Segundo ele, outras fontes de financiamento também têm apresentado bom fluxo, a exemplo das taxas de rolagem, que em outubro ficaram em 282%. Quanto maior essa taxa, mais positivo é para o País, pois significa que quem tomou o empréstimo, seja governo ou empresa, conseguiu maior quantidade de recursos para mais que cobrir o volume de suas dívidas - o tamanho exato para a cobertura seria de 100%.
Balança
A balança comercial tem sido o principal calcanhar de Aquiles do resultado do setor externo brasileiro. Com saldos vermelhos em setembro e em outubro, as contas de serviços e rendas não conseguem compensar o desempenho ruim do comércio exterior. Ao que tudo indica, o saldo comercial também fechará negativo este mês, já que até a terceira semana de novembro está deficitária em US$ 2,3 bilhões. Daí a projeção pior feita pelo economista do BC para este mês.
Uma outra forma de ver esse resultado é o saldo acumulado em 12 meses até outubro. De acordo com os dados do BC, já chega a US$ 84,4 bilhões, o equivalente a 3,73% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa marca foi a maior vista nesse tipo de comparação desde fevereiro de 2002, quando ficou em 3,94%.
Dólar alto freia gasto no exterior
Brasília - A alta do dólar começa a frear o gasto do brasileiro no exterior. Dados do Banco Central, divulgados ontem, mostram que os turistas gastaram US$ 2,124 bilhões em viagens internacionais, uma queda de 7,4% em relação a igual período do ano passado. Em contrapartida, os estrangeiros deixaram no Brasil US$ 488 milhões. Com isso, a conta de viagens internacionais (receitas menos despesas) registrou um saldo negativo de US$ 1,637 bilhão em outubro.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, lembrou que de agosto a outubro o dólar subiu 15% frente o real. “Isso tende a afetar as viagens internacionais”, observou. No ano até hoje, a divisa norte-americana acumulava alta de 8,23%.
A expectativa do BC é de que esse ritmo de moderação dos gastos em viagens internacionais tenha continuidade. Até 20 de novembro, as despesas de brasileiros superavam as de estrangeiros em US$ 840 milhões.
Fonte: Jornal O Popular