São Paulo e Rio - O reajuste do preço da gasolina na refinaria de 7%, nas próximas semanas, terá impacto de 0,28 ponto porcentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do governo. O cálculo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) considera o peso de 3,89% do combustível na formação do índice, o que significa um impacto de 0,0389 ponto porcentual em cada 1% de reajuste.
Se o reajuste acontecer realmente no fim deste mês, o reflexo na inflação será diluído entre os meses de janeiro e fevereiro. A previsão de André Braz, do Ibre/FGV, é que um terço apareça no índice de janeiro, com impacto de 0,09 ponto porcentual, o que levaria a inflação projetada de 0,75% no mês para 0,84%. No próximo mês, o consumidor sentiria dois terços da alta, o equivalente a 0,19 ponto porcentual. E a inflação estimada inicialmente na casa de 0,5% subiria para 0,7%.
A alta da gasolina não deverá, contudo, ter efeito sobre as previsões de inflação para este ano, segundo Braz. “As projeções de analistas e do boletim Focus, do Banco Central, já consideram o reajuste da gasolina. Por isso, não é possível afirmar que a previsão do IPCA para o ano deva ser revista”, alertou.
Uma alternativa do governo para reduzir a pressão da gasolina nas contas do consumidor seria elevar a proporção de etanol no combustível de 20% para 25%. Mas, a medida não deverá ser adotada de imediato, apenas depois de as prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro elevarem as tarifas de ônibus urbano, outro fator de pressão.
Para a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, caso o governo eleve o porcentual de etanol na gasolina, o efeito sobre a inflação será de 0,20 ponto porcentual. Com uma adição de 25% do etanol, a projeção de impacto é de 0,22 ponto porcentual.
Fazenda nega
O ministro interino da Fazenda, Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional, declarou nesta terça-feira (15), ao ser questionado por jornalistas, que não há “decisão” sobre o aumento do preço da gasolina no país.
Gasolina mais cara ajuda produção de etanol
Brasília - O reajuste do preço da gasolina pode ajudar o mercado de etanol. No entender do governo federal, além de melhorar a situação de caixa da Petrobras, uma gasolina mais cara torna o biocombustível mais atraente para o consumidor. Um aumento na demanda pode estimular novos investimentos no setor.
Desde 2005, a gasolina tem tido um preço praticamente constante no Brasil, enquanto o etanol, que tem cotação livre, ficou mais caro. A situação, segundo diagnóstico do próprio governo, acabou gerando uma migração do consumo de combustível para a gasolina em detrimento do etanol.
O reajuste preparado pelo governo - de 7% para a gasolina e até 5% para o óleo diesel - devolveria parte da competitividade ao etanol e também serviria para reduzir as importações de gasolina, que têm afetado a balança comercial. Diante do incremento do consumo, a Petrobras tem elevado fortemente a compra do combustível fabricado no exterior.
No ano passado, conforme dados preliminares do governo, o consumo de combustíveis aumentou 6,3%, ritmo muito superior ao do Produto Interno Bruto (PIB), próximo a 1%. O movimento foi puxado basicamente pelo consumo de querosene de aviação e gasolina, refletindo o menor interesse de motoristas em abastecer seus veículos com etanol. Neste ano, o governo prevê aumento de 5% no consumo de combustíveis.
Fonte: Jornal O Popular