Taxa registrada no mês passado só perde para a de abril de 1999, de193% ao ano, aponta o Banco Central
Brasília - Os juros do cheque especial, uma das linhas de crédito mais cara à disposição do consumidor, dispararam em setembro. Dados do Banco Central divulgados ontem mostram uma alta de 10,5 pontos porcentuais no mês passado. A taxa anual cobrada pelos bancos saltou de 172,8% em agosto para 183,3%. É o maior nível desde 1999, quando havia sido registrado um juro estratosférico de 193,65% ao ano.
Essa foi a 14ª elevação consecutiva da taxa do cheque especial, o que deixa os endividados com o orçamento ainda mais apertado. Mas a dívida total dos brasileiros nessa linha de crédito, a despeito do custo elevado, não para de crescer. Até setembro, estava em R$ 23,425 bilhões, índice 2,4% superior ao registrado em agosto. No acumulado do ano, essa conta aumentou 15,9%.
Linha mais cara
Conhecido no mercado financeiro como uma “jabuticaba”, por existir apenas no Brasil, o cheque especial tende a ser uma linha mais cara porque está sempre à disposição do correntista. Os juros mais elevados no cheque especial vão na contramão das outras modalidades.
A taxa média de juros no crédito livre caiu de 32,2% para 31,9% ao ano entre agosto e setembro. É o menor nível desde abril. Com os juros cada vez mais altos nesta modalidade, a inadimplência também cresceu. No mês passado, chegou a 10,3% - taxa mais alta desde março de 2011, início da série histórica do Banco Central. A alta do calote do cheque especial só ficou atrás do chamado rotativo do cartão de crédito, que subiu 1 ponto porcentual no mês e chegou a 36,4% das operações.
Empréstimos crescem 7,4% em setembro
(Agência Estado) 31 de outubro de 2014 (sexta-feira)
Brasília - Na esteira das medidas de estímulo aos financiamentos anunciadas pelo Banco Central (BC) há três meses, o mercado de crédito registrou, em setembro, a segunda queda consecutiva da taxa de juros, estabilidade nos níveis de inadimplência e aumento de 7,4% nos empréstimos bancários.
Esse cenário de início de retomada, entretanto, mudará com a decisão de elevar os juros básicos da economia (Selic), de 11% para 11,25% ao ano, tomada na quarta-feira pelo BC. No mercado financeiro já começaram a surgir projeções sobre a magnitude e a extensão desse ciclo de alta dos juros. “Claro, o efeito de uma elevação da Selic sobre as taxas ativas também é de elevação”, admite o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Em setembro, o juro médio cobrado no mercado chegou a 31,9% ao ano. Para pessoas físicas, 42,8%. Maciel avalia que essa taxa tem oscilado em torno de 43% nos últimos meses. “As taxas vêm crescendo desde o ano passado e chegaram a esse patamar depois da interrupção de alta da Selic.”
veículos
As medidas adotadas pelo BC, segundo ele, não tinham objetivo de estimular o crédito. “Eram de caráter regulatório, portanto, não foi contraditório (com a elevação da Selic).” Mas Maciel admite que o aumento da concessão de financiamentos para automóveis, um dos principais focos das medidas do BC, era esperado e já seria reflexo “gradual e defasado” daquelas ações.
Apenas em setembro, o aumento das concessões de empréstimos para veículos foi de 11%, atingindo o maior valor do ano, de R$ 8,5 bilhões.
A inadimplência ficou estável em 5% em setembro na comparação com agosto, com o calote entre os endividados (6,6%) maior do que entre as companhias (3,6%).
Fonte: Jornal O Popular