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Cartões telefônicos encobriram fraude no Cruzeiro do Sul, diz PF

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21/01/2013 - 10:19

Se você tiver sorte de pegar uma promoção de R$ 0,05 o minuto, poderá falar por 9,5 milhões de horas. Ou 393 mil dias, que correspondem a 1.076 anos. Distribua os cartões a duas pessoas e eles poderiam falar ao telefone desde o descobrimento do Brasil até hoje.

Absurdo?

O Banco Cruzeiro do Sul registrou a compra dessa montanha de cartões, usados para recarga de celular pré-pago, mas ninguém falou um minuto, segundo investigação da Polícia Federal.

A compra foi simulada para desviar R$ 28,3 milhões do caixa do banco, de acordo com a denúncia da procuradora Karen Louise Khan.

O truque para que os cartões virassem dinheiro desviado era simples, ainda de acordo com a polícia: os donos do Cruzeiro do Sul, a família Indio da Costa, também tinha o controle da empresa que vendia os cartões ao banco, a Vox Distribuidora de Cartões Telefônicos.

Dito de um jeito mais simples: o dinheiro saía do banco dos Indio da Costa e ia para uma empresa controlada pela mesma família. Como o banco estava quebrado, o dinheiro desviado saía da conta dos clientes.

O advogado de Luis Felippe e Luis Octavio, Roberto Podval, diz que vai provar a inocência de seus clientes na Justiça, mas não quis comentar as acusações sobre os cartões telefônicos.

ENTENDA O CASO

O Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do Banco Central em junho do ano passado. Fraudes e desvios deixaram um rombo de R$ 3,1 bilhões, de acordo com números levantados pelo BC e pelo Fundo Garantidor de Crédito.

O caso dos cartões mostra como podem ocorrer desvios em bancos por métodos pouco criativos ou sem nenhuma sofisticação, de acordo com policiais ouvidos pela Folha.

Em setembro de 2010, o banco e a Vox firmaram um contrato pelo qual o Cruzeiro do Sul decidiu comprar 25.500 cartões pré-pagos.

Depoimento à Polícia Federal de um funcionário da tesouraria, Alessandro Gonçalves de Oliveira, revelou que só 2.100 cartões foram entregues. "(...) a suposta aquisição de cartões telefônicos pré-pagos, na prática, jamais existiu", escreveu a procuradora na denúncia apresentada em dezembro.

Mesmo sem a entrega dos cartões, o banco usava esse contrato com a Vox para fazer retiradas semanais de R$ 250 mil da tesouraria do banco em dinheiro vivo.

Os saques não eram registrados na contabilidade oficial, mas no caixa-dois do banco, segundo a denúncia.

O dinheiro era entregue para Luis Felippe Indio da Costa e Luis Octavio Indio da Costa, os donos do banco, e diretores, segundo a procuradora. Os pagamentos à Vox também eram do tipo vai-e-volta, segundo a testemunha José Alfredo Lattaro: "Os recursos enviados à Vox voltavam em espécie para o banco em malotes". Segundo ele, os valores eram guardados no cofre, sem contabilidade.

Fonte: Folha.com


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