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Câmbio reforça estoque de crédito de bancos em R$ 21,7 bi

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10/02/2014 - 10:27

Carlos Galán, vice-presidente do Santander Brasil: banco prevê uma "depreciação gradual" do câmbio neste ano

Em um ano minguado para o crédito no Brasil, os bancos contaram com um bem-vindo empurrão dos empréstimos feitos em moeda estrangeira para fazer seus estoques cresceram um pouco mais em 2013.

Balanços já divulgados por Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil mostram que a desvalorização de 12,8% do real frente ao dólar em 2013 inflou a carteira de crédito das três instituições financeiras em pelo menos R$ 21,7 bilhões no ano passado. Isso representa 18,4% dos R$ 117,9 bilhões de expansão que o saldo de empréstimos do trio teve de 2012 para 2013.

Os números apresentados pelos bancos, no entanto, não são perfeitamente comparáveis. Isso porque Itaú e Bradesco divulgam o efeito cambial para suas carteiras ampliadas, que incluem títulos privados de renda fixa emitidos por empresas, enquanto o Santander só indica o impacto para os empréstimos tradicionais. Essas cifras, porém, dão uma dimensão do impacto nada desprezível da oscilação da moeda no crédito.

É principalmente nas carteiras de empréstimos às empresas que o câmbio tem relevância para os bancos, já que são as pessoas jurídicas que fecham operações em outras moedas ou atreladas de alguma maneira à variação cambial.

Com o empurrão dado pelo câmbio, o estoque de empréstimos do Itaú se expandiu 11,7% (sem considerar a compra da Credicard) em 2013, percentual superior à expectativa que o próprio banco tinha para o ano, que previa uma alta entre 8% e 11%. Em termos nominais, o acréscimo trazido pela variação cambial no estoque de crédito correspondeu a R$ 13,46 bilhões. Sem a ajuda cambial, o avanço seria de 10,5%.

No Bradesco, o crescimento da carteira expandida de crédito sem o efeito do câmbio ficaria em 9,6% no acumulado em 12 meses até dezembro, ante os 10,8% de alta registrados com o efeito cambial. Isso significa que, no ano, o estoque de crédito do Bradesco aumentou em R$ 4,73 bilhões às custas da desvalorização da moeda.

Boa parte desse efeito foi concentrado no quarto trimestre. Nos três últimos meses do ano, a carteira do banco cresceria 3,1% sem a variação cambial, e não os 3,6% que avançou com o câmbio. Em valores nominais, no quarto trimestre, R$ 1,9 bilhão foi adicionado ao estoque graças à moeda. O Bradesco conta com um saldo de empréstimos e repasses denominados ou indexados em moeda estrangeira de R$ 15,4 bilhões, aumento de 88% na comparação anual.

No caso do Santander, o banco não fornece os dados do impacto cambial sobre o saldo de empréstimos ampliado. O efeito da moeda só é divulgado para a carteira de crédito de empréstimos a grande empresas que segue os critérios do Banco Central. Por isso, é parcial. Seguindo esse critério, a desvalorização do real aumentou o estoque de empréstimos do Santander em R$ 3,5 bilhões no ano passado.

Para 2014, os bancos não trabalham em suas projeções com uma desvalorização tão forte do real. Ao mesmo tempo, porém, não descartam um efeito positivo do câmbio em seus balanços. Em teleconferência com analistas na semana passada, Carlos Alberto López Galán, vice-presidente de finanças do Santander, afirmou que o banco acredita em uma "depreciação gradual" do câmbio neste ano.

Na semana passada, em entrevista a jornalistas, Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, disse que o banco não trabalha com um cenário de muita oscilação para o câmbio em 2014. É com base nessa projeção que o banco prevê chegar ao fim de 2014 com uma expansão da carteira de crédito entre 10% e 13%. "Se houver impacto do câmbio, vamos crescer mais."

Caso o cenário previsto pelo Bradesco para a taxa de câmbio se confirme, o estoque de empréstimos dos bancos vai seguir colhendo os benefícios da valorização. Projeções divulgadas pelo banco junto com seus resultados apontam para uma taxa de R$ 2,40 em 2014, de R$ 2,45 em 2015 e de R$ 2,55 em 2016.

Nos dados do Banco Central, são quatro as modalidades de crédito a empresas que concentram os impactos da variação cambial, já que costumam ser denominadas em moeda estrangeira: o Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), o financiamento a importações e a exportações e o repasse externo. Juntas, as linhas somam um estoque de R$ 122,1 bilhões, com crescimento de 20% no acumulado em 12 meses, puxado pelo crédito à exportação. Apenas para fins de comparação, o crédito para empresas com recursos livres como um todo, que soma R$ 762,9 bilhões, cresceu apenas 8%.

"É provável que o efeito da taxa de câmbio nos empréstimos venha a perder ímpeto neste ano e em 2015", afirma Wermeson França, da LCA Consultores. Para ele, o ritmo de avanço da taxa de câmbio em 2013, que saiu de R$ 2,08 em dezembro de 2012 para R$ 2,35 em dezembro de 2013, não se repetirá nos próximos anos, diminuindo o efeito sobre o crédito.

A LCA estima câmbio estável em 2014 e um leve aumento, na ordem de 2%, em 2015. "Porém, não descartamos que maiores turbulências internacionais possam causar mais volatilidade, elevando a taxa de câmbio para além dessas previsões", afirma.

Fonte: Valor


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