BRASÍLIA - O Banco de Brasília (BRB), controlado pelo governo do Distrito Federal, encerrou 2013 com lucro líquido de R$ 169 milhões, uma queda de 21,4% sobre os R$ 215 milhões registrados em 2012. Com tal resultado, o retorno sobre o patrimônio líquido fechou o ano em 17,28%, contra 25,1% em 2012.
Mas essa queda na última linha do balanço resultaria de uma postura deliberada pela administração d o banco, que conta com 654 mil clientes. De acordo com o presidente do BRB, Paulo Roberto Evangelista, a decisão foi direci onar investimentos para a ampliação da rede de agências, que subiu de 106 unidades para 115, e a modernização tecnológica do banco, processo que deve consumir entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões nos próximos anos.
“Foi uma decisão do controlador, de pegar parte do resultado e jogar no caminho da sustentabilidade do crescimento. O importante é que estamos preparando o banco”, diz Evangelista, destacando que os investimentos em tecnologia e novas agências vão continuar acontecendo em 2014.
No consolidado, o banco fechou o ano com uma carteira de crédito de R$ 7,66 bilhões, crescimento de 25,8% sobre 2012. Já as provisões avançaram 16,8%, para R$ 335 milhões. As operações com pessoas físicas, que respondem por 70% da carteira, avançaram 21%, para R$ 4,6 bilhões - o resultado ficou abaixo da previsão do banco, que estimava crescimento de 24,1% a 29,1%. Para 2014, a meta está menor, com previsão de alta de 13% a 15%.
As receitas de intermediação financeira apresentaram alta de 8,2%, para R$ 1,935 bilhão, sendo as operações de crédito responsáveis por R$ 1,749 bilhão, alta de 11,11% sobre o exercício anterior. O banco também obteve maiores receitas com derivativos - foram R$ 25 milhões, após perda de R$ 49 milhões em 2012 - e operações de câmbio. Mas o resultado de aplicações interfinanceiras e títulos e valores mobiliários encolheu em 36%, para R$ 133 milhões.
Já os custos avançaram 10%, somando R$ 786 milhões. As operações de captação tiveram custo maior (12,5%), assim como as provisões para as operações de crédito, que avançaram 5,2%, para R$ 242 milhões.
Assim, o resultado bruto da intermediação financeira subiu 5,5%, para R$ 1,149 bilhão. Nas outras receitas operacionais, o ganho com prestação de serviços (24%) e tarifas (17,8%) foi consumido por maiores gastos com pessoal, que avançaram 19,4%, para R$ 672 milhões, e outras despesas administrativas (alta de 18,8%). Além dos maiores investimentos em agências e tecnologia, Evangelista aponta que um plano de demissões voluntárias, com grande adesão, também teve impacto sobre os custos no ano passado.
O patrimônio líquido avançou 20% e passou, pela primeira vez, a casa de R$ 1 bilhão (R$ 1,06 bilhão ), enquanto os ativos totais do banco cresceram 17,7%, para R$ 11,54 bilhões.
O índice de Basileia do BRB fechou o ano em 12,69%, contra 13,39% de 2012, mas ainda está acima do mínimo exigido de 11%. Quanto maior o índice de Basileia, maior a capacidade de alavancagem do banco.
Segundo Evangelista, dois fatores explicam essa retração. Primeiro, o próprio crescimento acentuado da carteira de crédito. E segundo, a retirada de R$ 90 milhões de letras financeiras do patrimônio de referência Nível 2, emit idos em 2013, que não continham cláusula de extinção, estando fora das regras exigidas por Basileia 3.
De acordo com o presidente, o BRB já está trabalhando na recomposição desse capital. Em janeiro já foram incorporados R$ 5 milhões em letras financeiras subordinadas que já atendem as regras de Basileia 3. Outros R$ 15 milh ões estão em análise pelo Banco Central e a instituição planeja colocar outros R$ 25 milhões no mercado até o fim de abril. Po r ora, as LFs não preveem conversibilidade, mas esse modelo de emissão está em estudo dentro do banco.
Fonte: Valor