Mercado também repercute divulgação de balanços das empresas.
O Ibovespa caiu 2,18%, a 49.806 pontos, menor patamar desde março.
O principal índice da Bovespa recuou pelo quinto pregão seguido nesta quinta-feira (23) e ficou no menor patamar desde março, pressionado por ações de bancos, em sessão volátil após os cortes drásticos nas metas fiscais do país e com investidores avaliando números corporativos do segundo trimestre.
O Ibovespa caiu 2,18%, a 49.806 pontos. Foi a maior queda diária desde maio.
Com a queda, a bolsa zerou os ganhos em reais em 2015. No ano, há desvalorização de 0,4%.
Na semana e no mês, a bolsa acumula queda de 4,84 % e 6,17%, respectivamente.
O forte avanço do dólar ante o real respingava na bolsa paulista, corroborando a alta de papéis de algumas companhias exportadoras e limitando as perdas, em meio a um quadro sem tendência clara em praças acionárias no exterior.
O governo brasileiro anunciou no final da quarta-feira redução das metas de superávit primário neste e nos próximos dois anos, também abrindo a possibilidade de gerar novo déficit primário em 2015.
Na visão do Bank of America Merrill Lynch, entre as as principais implicações para as ações na Bovespa estão o risco de o governo federal buscar aumento de tributação, assim como investidores devem seguir com exposição a dólar, favorecendo exportadoras.
Para o estrategista de América Latina do BofA ML, Felipe Hirai, o foco principal agora deve se voltar para o risco de as agências de risco cortarem a nota de crédito do Brasil para abaixo do nível "grau de investimento".
"Investidores podem se preocupar sobre a sustentabilidade da dívida do país, limitando ou adiando a potencial convergência das taxas de juros de longo prazo", afirmou Hirai em relatório, segundo a Reuters.
"A probabilidade de a nota de crédito soberano do Brasil cair para o grau especulativo aumentou", disse em nota a clientes o ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, que agora comanda a área de economia do banco Brasil Plural.
Em nota a clientes, a gestora Icatu Vanguarda disse que "o Brasil passa pelo o que ficou cunhado por 'tempestade perfeita'". Entre os fatores listados para tal cenário, a gestora de recursos apontou perspectivas de crescimento "pífias", inflação resiliente e ajuste fiscal que se mostra insuficiente para estabilizar a relação dívida/PIB, além do ambiente político com o governo fragilizado e com a operação Lava Jato avançando sobre os principais políticos e empresários do país.
"Crescimento baixo, inflação alta, deterioração do mercado de trabalho, aperto monetário, fiscal e creditício, não costuma ser uma receita positiva para o setor corporativo", disse a Icatu Vanguarda em nota a clientes.
Bancos, Vale e Petrobras
Bradesco e Itaú Unibanco despencaram mais de 4%, afetados pela apreensão com o efeito dos cortes nas metas fiscais para o rating do país. A avaliação de que o setor está com múltiplos em níveis elevados, combinado com preocupações sobre inadimplência e qualidade do crédito, reforçava a pressão de baixa no setor na temporada de balanços do segundo trimestre, apesar de expectativas ainda favoráveis sobre margens. No caso de Itaú, o Barclays cortou o preço-alvo de R$ 39 para R$ 35,50, com recomendação "equal weight". Banco do Brasil caiu 1,58% e Santander Brasil, 3,82%.
A Petrobras mostrou volatilidade e terminou com as ações preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) em queda de 1,83%, em meio à fraqueza dos preços do petróleo, com investidores também na expectativa de reunião do Conselho de Administração na sexta-feira. O conselheiro representante dos funcionários na companhia, Deyvid Bacelar, disse que a reunião irá deliberar sobre a reestruturação da subsidiária Transportadora Associada de Gás (TAG).
A Vale destoava da tendência do dia e avançou, com as ações preferenciais subindo mais de 1%, apesar da fraqueza nos preços do minério de ferro na China, após a companhia reportar que produziu 85,3 milhões de toneladas de minério de ferro entre abril e junho deste ano. O desempenho marcou a melhor performance de extração para um segundo trimestre e a segunda maior produção trimestral da história da Vale. A alta do dólar atuou como suporte adicional.
Fonte: G1