SÃO PAULO - Aplicar dinheiro no exterior virou prática frequente dos brasileiros como uma alternativa de diversificação no portfólio, principalmente dos chamados investidores superqualificados, com disponibilidade para aplicar no mínimo R$ 1 milhão.
Segundo levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), houve um crescimento de mais de 600% neste ano, em relação a 2010, do montante investido no exterior, representando um total de R$ 45,2 bilhões contra R$ 6,4 bilhões no ano retrasado. Os dados incluem de fundos offshore, com investidores qualificados, até fundos de varejo multimercados.
“O investidor nunca precisou, pois o mercado doméstico supria as necessidades, mas o momento é propício para a diversificação", afirma o diretor de Multimanager da HSBC Global Asset Management, Adilson Ferrarezi. "É uma alternativa de longo prazo e os clientes estão demandando essa opção.” Na visão de alguns bancos, a demanda costuma aumentar nos momentos de pressão sobre o real, o que aconteceu nos últimos meses.
Tributação
Para quem se enquadra nesse perfil, um aspecto importante que precisa ficar no radar é a tributação. Segundo os especialistas, os tributos cobrados seguem as normas do mercado doméstico. “No nosso caso, o veículo é local, com tributação nacional, tendo como base a aplicada aos fundos multimercados”, diz Adilson Ferrarezi. “A regulação é do mercado doméstico, respeitando as regulamentações de Luxemburgo, onde é feita a gestão dos fundos, a partir das praças de Londres e Nova York”, complementa. De acordo com Paulo Cochaque, chefe de Wealth Management do UBS Brasil, os tributos incidem sobre o ganho final ocorrido aqui no Brasil e nos mercados internacionais.
A regra vale para os três produtos que o BNP Paribas disponibiliza para seus investidores superqualificados (com pelo menos R$ 1 milhão para aplicar). “Os fundos seguem a mesma tabela regressiva para o Imposto de Renda dos fundos multimercados”, explica Nathalie Miedzinski, gerente comercial da BNP Paribas Asset Management Brasil. O banco oferece a Família Access com três produtos, que representam cotas de fundos de ações de Estados Unidos, Europa e países desenvolvidos. As taxas de administração dos fundos de EUA e Europa estão em 0,75% ao ano, enquanto o que aloca recursos em nações desenvolvidas tem taxa de 0,35% anualmente.
Opções
No caso de quem tem no mínimo R$ 1 milhão disponível para investir, as opções vêm aumentando. No começo deste mês, o Santander colocou no mercado o fundo Santander FI Global Equities, que possibilita a alocação de 100% dos recursos no exterior. Com taxa de administração de 1% ao ano, o fundo permite aportes adicionais de R$ 100 mil, além da aplicação inicial de R$ 1 milhão.
Desde julho, os endinheirados também contam com duas opções de fundos do HSBC, que aplicam recursos em renda fixa e variável em países emergentes e desenvolvidos. O investidor pode escolher entre aplicar 60% do patrimônio em renda fixa e 40% em renda variável (Fundo HSBC Global Balanced) ou alocar 20% do montante em renda fixa, com 80% destinado para renda variável (Fundo Global Dynamic). Com taxas máxima de administração de 1,95% ao ano, as movimentações são feitas uma vez por uma semana. O retorno do investimento combina a variação de preço dos ativos investidos com a variação cambial entre o dólar e o real.
Fonte: Folha