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Banco médio reduz ritmo e ainda tenta superar calotes

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13/11/2013 - 09:52

Em um ano que mais se parece com uma corrida de obstáculos, os bancos médios têm de enfrentar a persistente inadimplência, os custos mais elevados de captação e ainda um cenário de desaceleração econômica mais desfavorável para sua clientela.

Apesar dos esforços para superar as barreiras, os balanços dos bancos médios ainda mostram, no terceiro trimestre, números que refletem essas dificuldades.

De seis instituições de capital aberto, apenas o ABC Brasil fechou o trimestre de julho a setembro com lucro líquido maior que o de igual período do ano passado. O Banco Pan conseguiu reduzir seu prejuízo, mas ainda opera no vermelho. Pine, Daycoval, Indusval e BicBanco mostraram recuos na última linha do balanço que chegam a até 91,4%, caso deste último.

Mesmo a inadimplência, um episódio que parece já ter sido superado entre os grandes bancos de capital aberto, ainda não foi completamente deixada para trás pelas instituições de médio porte.

Dos seis bancos médios de capital aberto que já divulgaram os números do terceiro trimestre, metade mostrou recuo no indicador de atrasos acima de 90 dias. BicBanco, Indusval e Daycoval ainda tiveram crescimento nos calotes entre a clientela formada por pequenas e médias empresas.

"A inadimplência é algo forte e preocupante", diz Manoel Felix Cintra Neto, presidente da ABBC, entidade que reúne os bancos médios brasileiros. "Mas não há diferença entre os clientes de bancos médios e grandes. O que muda é o grau de concentração da carteira."

Bastante especializados, os bancos médios se concentram em poucas linhas de crédito. O BicBanco, recém-comprado pelo China Construction Bank (CCB), só concede crédito para empresas de médio porte. É um setor que tem sofrido com o nível mais fraco da atividade econômica.

Grandes empresas, responsáveis por créditos de tíquetes que alcançam centenas de milhões no ativo dos maiores bancos do país, têm sentido de forma mais leve o desaquecimento, preservando os balanços das instituições de maior porte. Uma recente guinada dos grandes bancos privados rumo ao financiamento imobiliário e ao crédito consignado também contribui para a redução da inadimplência de suas carteiras.

Na tentativa de melhorar seu desempenho, algumas instituições de médio porte buscam ajustar o foco em operações de crédito com menor risco. É o caso do Banco Indusval & Partners (BI&P), o que não impediu que o banco registrasse lucro menor e inadimplência mais alta no terceiro trimestre na comparação com igual período do ano passado.

"[O aumento da taxa de inadimplência] vem da carteira velha, que já está bem provisionada. O que está atrasado já está provisionado", afirma Jair Ribeiro, co-presidente do BI&P. "Concluímos um ciclo do processo de transformação do banco."

Não bastassem os índices de atrasos resilientes, a liquidação dos bancos BVA e Rural e a pressão dos investidores sobre o BicBanco também contribuiu para elevar os custos de captação das instituições de médio porte. Com isso, as margens financeiras líquidas de inadimplência ficaram menores para cinco dos seis bancos analisados, com exceção do BicBanco.

Nesse cenário, os bancos médios reduziram o apetite por operações de crédito. A carteira expandida dos seis bancos somava R$ 66,9 bilhões no fim de setembro, com alta de 9,7% em 12 meses e de apenas 0,9% na comparação com o fim de junho, conforme levantamento feito pelo Valor.

O portfólio dessas instituições cresceu menos que a média dos quatro maiores bancos com ações em bolsa. Juntos, Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú Unibanco e Santander mostravam carteira ampliada de R$ 1,8 trilhão no fim do terceiro trimestre, com aumento de 14,6% frente a setembro de 2012. Ainda que se exclua da conta o BB, instituição que mais expandiu suas operações desde o ano passado, o crescimento dos grandes bancos foi de 10,6%.

O crescimento econômico menor que o esperado levou os bancos médios a uma expansão mais lenta no ritmo de empréstimos, afirma Thiago Souza, analista da XP Investimentos.

No relatório que acompanha as demonstrações financeiras, o BicBanco atribuiu a diminuição das operações de crédito à "aversão ao risco dado o ambiente de incertezas". A carteira da instituição encolheu 6,4% no período de 12 meses encerrado em setembro, para R$ 12,9 bilhões.

O Banco Pan aponta um cenário de "desempenho ainda moderado da atividade econômica, gradual redução da inadimplência dos indivíduos e política monetária mais restritiva" para justificar a redução na originação de operações de crédito.

A instituição, controlada pela Caixa e pelo BTG Pactual, ainda atravessa um processo de reestruturação financeira. A carteira de crédito avançou 13,2% em bases anuais, para R$ 14,9 bilhões, mas o Pan reduziu o ritmo de originação de negócios no trimestre. Ao mesmo tempo, passou a dar mais ênfase a operações de crédito consignado, de risco menor que os empréstimos pessoais e o financiamento a veículos.

Agora os bancos começam a fazer suas projeções para 2014. "Pelo que mostra, não será um ano de forte crescimento", diz Cintra Neto, da ABBC.

Alguns bancos, porém, já começam a enxergar algumas brechas para reverter o desempenho deste ano. "A concorrência está menor. Muitos bancos estão sem apetite. Isso cria oportunidades para quem tem espaço para emprestar", diz Morris Dayan, diretor do Daycoval. De olho nisso, depois de dois anos sem expansão da carteira de empréstimos para médias empresas, o Daycoval voltou a crescer no segmento no terceiro trimestre.

Fonte: Valor


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