Taxa de juros cobrada das famílias subiu para 42% ao ano em abril. A inadimplência, considerados atrasos superiores a 90 dias, ficou estável
O custo de pegar um empréstimo no País não para de subir e tem forçado uma moderação no crédito. Em abril de 2013, as famílias pagavam, em média, uma taxa de juros de 34,4% ao ano. Agora, a taxa aumentou para 42% - maior valor em um ano e meio. Segundo o Banco Central (BC), diante desse quadro, a demanda esfriou e o estoque total de crédito ficou estável em 55,9% do Produto Interno Bruto (PIB) entre março e abril.
O aperto monetário promovido pelo BC desde abril do ano passado, que tirou a taxa básica da economia de 7,25% ao ano e levou para 11% ao ano, impulsionou a elevação do custo do crédito, sobretudo para as famílias. Em 12 meses, os juros para as pessoas físicas aumentaram 7,6 ponto porcentual, o dobro do movimento observado na Selic no período (3,75 pp).
O cheque especial, entre as linhas mais caras, no qual o brasileiro deve R$ 21,711 bilhões, passou a cobrar uma taxa anual de 161,8% ao ano, a maior desde abril de 2012. Apesar desse juro, os consumidores continuaram a procurar essa modalidade. Entre março e abril, o estoque dessas operações cresceu 2,2%. No acumulado do ano, a expansão é de 7,4%.
Para Mariana Oliveira, economista da consultoria Tendências, o ritmo mais fraco da atividade, principalmente na indústria e no varejo, além da situação da renda das famílias, influencia a oferta e a demanda de crédito e tem impedido uma expansão mais robusta dos empréstimos e financiamentos. “Há alguns sinais de que o principal fator (de baixa) tem sido uma desaceleração na propensão dos tomadores”, disse. A avaliação dela é de que esse freio tem ligação direta com o “preço do crédito”.
Calotes
A elevação dos juros, até o momento, no entanto, não se converteu em aumento de inadimplência. O calote entre as famílias segue estável em 6,5% ao ano desde fevereiro, para as empresas, parado em 3,3% desde o segundo mês de 2014. “A inadimplência está em trajetória benigna”, avaliou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.
Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank, porém, se disse preocupado com a inadimplência quando observa o quadro econômico atual. “Nesse ambiente de atividade (econômica) mais fraca, com rendimento estável ou até caindo, tem que ficar atento à evolução da inadimplência.”
Juros
O fim do processo de alta da Selic, ponderou o chefe do departamento Econômico do BC, deve segurar o movimento de alta dos juros. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa inalterada, após nove altas consecutivas.
“Sempre que você tem uma mudança no ciclo monetário, há uma reação nas taxas ativas. Nesse mês, a Selic parou de subir e a tendência de elevação das taxas de juros não deve se manter”, ponderou.
Maciel destacou ainda que o crédito, apesar de estar em moderação, não “estancou”, apenas está em desaceleração. “Esse movimento é importante em termos de sustentabilidade do crescimento do crédito”, defendeu. “O crédito continua um fator relevante de contribuição para o crescimento da atividade econômica, mas é natural que os porcentuais de aumento diminuam à medida que a base de comparação aumenta.”
Fonte: O Popular