O banco holandês ABN AMRO completou a compra das operações do CR2, pequeno banco comercial com sede no Rio de Janeiro, anunciada em outubro do ano passado e autorizada pelo Banco Central há cerca de um mês. Na quarta-feira, o ABN finalizou a aquisição das ações do CR2. O diretor-executivo responsável pelo ABN no Brasil, Rick Torken, explica que o plano é fornecer crédito a médias e grandes empresas, com faturamento anual superior a R$ 300 milhões, dos setores de energia, logística e commodities. "Para quem se interessa por esses segmentos, a presença no Brasil é imprescindível", diz Torken, que é holandês, mas já trabalhou no Brasil, com passagem pela filial do grupo holandês ING.
Ao planejar retornar ao país, a intenção foi adquirir um banco pequeno, evitando a morosidade da montagem de sistemas e o processo de obtenção de licença junto ao BC para abrir um novo banco. O CR2 se inseriu na estratégia por ser um banco enxuto, com presença no Rio de Janeiro e em São Paulo, que são centros importantes de negócios, diz Torken.
Os principais executivos do CR2 deixarão o banco, já que o ABN contratou uma nova equipe para liderar a expansão da instituição no Brasil. A integração entre os bancos deve ser completada ainda neste ano. Em 2012, o CR2 teve um prejuízo de cerca de R$ 2,4 milhões. Torken diz que ampliará o capital do banco a um nível suficiente para que esse quadro seja revertido. No entanto, ele não quis especificar valores, limitando-se a dizer que um aumento de capital será divulgado nos próximos dias.
O ABN AMRO deixou o Brasil em 2007, após vender seus ativos no país ao Santander. Mas Torken afirma que o banco holandês nunca quis deixar o Brasil, onde estava desde 1916. A operação do ABN por aqui limitou-se a financiar o comércio exterior até 1963, quando comprou 50% da financeira Aymoré, arrematando os 50% restantes em 1970. Em 1998, fez sua maior aquisição, ao comprar o Banco Real por US$ 2 bilhões. Depois disso, comprou os bancos estaduais de Pernambuco (Bandepe) e da Paraíba (Paraiban) e o Sudameris.
Em outubro 2007, o ABN AMRO na Holanda foi adquirido por um consórcio formado pelo espanhol Santander, o britânico Royal Bank of Scotland e o belga-holandês Fortis. Coube ao Santander ficar com o ABN AMRO Real no Brasil.
Fonte: Valor