Segundo o Banco Central, de janeiro a junho, o déficit nas transações correntes somou US$ 43,48 bi
Brasília - O rombo externo do País aumentou 72% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 43,48 bilhões. Ao atingir essa soma de janeiro a junho, o Brasil ultrapassou mais da metade do resultado negativo esperado pelo Banco Central (BC) para todo o ano de 2013 nas contas externas, de US$ 75 bilhões.
Apesar desse quadro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, repetiu a avaliação oficial de que as contas estão sob controle e o déficit não preocupa, pois ainda será, em grande parte, financiado pelo ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED). A expectativa é de que essa entrada de recursos some US$ 65 bilhões em 2013. Na primeira metade do ano, já ingressaram US$ 30 bilhões, mas o crescimento em relação ao mesmo período de 2012 foi de apenas 1%, o que significa, na prática, estabilidade.
Essa visão do técnico para o restante do ano conta com o impacto da alta do dólar sobre os resultados dessas contas que ainda não apareceram, em especial na balança comercial e nos gastos de brasileiros em viagens internacionais. “A desvalorização cambial tem alguma defasagem (sobre a balança)”, disse Maciel. “E é provável que tenhamos moderação (nos gastos com viagens internacionais) no segundo semestre”, acrescentou. Para ele, o efeito do dólar sobre as contas externas tende a ser “cumulativo e gradual”.
Gasto recorde
Até agora, porém, os dados do BC ainda não captaram mudança de comportamento dos brasileiros no exterior. De janeiro a junho, o déficit com viagens, já descontado o que os estrangeiros deixaram no País, teve aumento de 22% para o valor recorde de US$ 8,8 bilhões. Em junho, os gastos líquidos no exterior também foram os maiores da história para o mês - US$ 1,5 bilhão.
“Não dá para caracterizar em junho nenhuma moderação nas despesas com viagens internacionais, a despeito da desvalorização cambial”, resumiu Maciel. Mesmo em julho ainda não foi possível ver reversão de tendência, segundo o técnico, que já possuía os dados parciais do mês em mãos.
Ele salientou que, na primeira metade do ano, há um aumento do déficit em transações correntes de cerca de US$ 18 bilhões em relação ao primeiro semestre do ano passado. “Se for verificar a origem desse aumento, a balança responde por US$ 10 bilhões e a remessa de lucros e dividendos, por US$ 4 bilhões. Apenas esses dois itens explicam 80% da diferença”, pontuou.
Fonte: O Popular