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Aumenta procura por empréstimo bancário externo

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15/07/2013 - 14:13

Os empréstimos em moeda estrangeiro sindicalizados, preteridos nos tempos de farta liquidez internacional, começam a reaparecer. Com o mercado de renda fixa fechado para captações via emissão de bônus, companhias brasileiras voltam a recorrer a essa modalidade de financiamento, na qual vários bancos formam um "sindicato" para dar o empréstimo e dividir o risco da operação.

Foi o que fizeram Vale e Itaú BBA nos últimos dias. A mineradora contratou linha de crédito rotativo de US$ 2 bilhões, que ficará disponível para saque por cinco anos. O Itaú BBA, braço de atacado e banco de investimentos do Itaú Unibanco, captou US$ 1,5 bilhão com prazo de até quatro ano e custo baixo.

Segundo o Valor apurou, também preparam operações a petroquímica Braskem (US$ 210 milhões), a Nidera Sementes e a cooperativa agrícola CHS (US$ 250 milhões). Esta fará hoje apresentações a potenciais credores.

Quase inexistentes nos primeiros meses do ano, todas essas operações sugiram de junho para cá. Juntas, representam quase a metade do volume de empréstimos sindicalizados de 2012. Segundo levantamento do Valor Data, foram concedidos US$ 8,2 bilhões por essa modalidade no ano passado, bem abaixo dos US$ 16,9 bilhões compilados em 2011. "Estamos começando a ver uma demanda maior", confirma o diretor responsável pela área de atacado do HSBC, Alexandre Guião.

A principal explicação é que o mercado internacional de bônus está fechado. Nas últimas semanas, os sinais de recuperação da economia americana provocaram a alta das taxas de juros dos Treasuries, os papéis do Tesouro americano, usados como referência nos preços dos títulos de renda fixa. Como o mercado ainda não encontrou um novo equilíbrio, as emissões de bônus estão paradas.

A mudança de cenário interrompeu um ciclo muito favorável para ofertas de bônus. O apetite dos investidores - inclusive por títulos de maior risco - permitiu que emissores brasileiros captassem US$ 50,5 bilhões no exterior no ano passado e a metade disso no primeiro semestre de 2013. Porém, desde maio, grupos que se preparavam para acessar os investidores congelaram seus planos.

"Agora é mais barato para as companhias captar recursos via empréstimos sindicalizados do que via bônus", afirma Jaime Frontera, diretor do Crédit Agricole na América Latina. O banco francês foi um dos coordenadores da operação da Vale e lidera as negociações do empréstimo à CHS.

Outro fator é que a própria disposição dos bancos mudou. Depois de terem se retraído para ajustar seus balanços no pós-crise de 2008, as instituições começam a retomar o interesse por essas operações, embora com cautela. Os bancos europeus, tradicionais credores em operações sindicalizadas, haviam reduzido drasticamente sua presença no mercado brasileiro, mas estão voltando aos poucos. Segundo Frontera, os asiáticos também mostram interesse.

Não houve uma variação de custos nos empréstimos tão grande quanto a que se viu no mercado de bônus. A captação feita pelo Itaú BBA em junho teve duas tranches. A de US$ 1,23 bilhão e prazo de três anos teve custo equivalente à taxa do interbancário londrino (Libor) mais 1,40%. A outra, de quatro anos (US$ 270 milhões) custou 1,55% acima da Libor. Em agosto de 2011, o banco levantou US$ 494 milhões a 1,20% mais Libor.

Apesar de os bancos estarem reabrindo os empréstimos sindicalizados convencionais, a expectativa é que se vejam mais operações de crédito rotativo, como a da Vale, em que os recursos não saem imediatamente do caixa das instituições. O dinheiro fica disponível por um tempo para que a empresa possa acessá-lo se precisar.

"Não é um instrumento caro", diz Sonia Zagury, diretora global de tesouraria e finanças da Vale, sem revelar o custo da operação. Outra vantagem, segundo ela, é a possibilidade de fazer uma captação grande em um só contrato.

Segundo representantes de bancos, há conversas engatilhadas com diversas empresas, o que deve aumentar o volume de operações no país até o fim do ano. "Outras companhias consideram essa uma boa oportunidade para voltar ao mercado bancário, já que o de bônus está difícil", diz Patricio Alvarez, responsável pelo setor de energia e commodities do BNP Paribas na América Latina. O banco também atuou no empréstimo à Vale.

Porém, não se deve esperar nada extraordinário. "Haverá um aquecimento dessa atividade na América Latina. O volume vai ser maior no segundo semestre, mas não irá voltar aos níveis históricos", diz Gary Herzog, chefe de empréstimos sindicalizados do Crédit Agricole nas Américas.

Fonte: Valor


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