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Alta suave da Selic entra na conta do mercado

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12/02/2014 - 10:59

Da necessidade de um "choque de juros" à perspectiva crescente de uma desaceleração do ritmo de aperto monetário. Eis a trajetória percorrida pelo mercado de juros da BM&F nas apostas sobre a magnitude da alta da taxa básica (Selic) em apenas dez pregões.

Entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, em meio ao ataque a moedas de países emergentes que levou Turquia, Índia e África do Sul a subir os juros, as taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) passaram a espelhar chances de até 30% de uma elevação da Selic em 0,75 ponto percentual. Era a tese do choque de juros se materializando nas expectativas. Premido pelo risco de uma depreciação aguda do real, o Banco Central - argumentava parte dos analistas e mostravam as taxas dos juros futuros - teria que acelerar o ritmo de aperto monetário.

 

A maré mudou completamente nos últimos dias e o mercado de juros não só descartou a hipótese de choque de juros como passou a espelhar possibilidade cada vez maior de redução do ritmo de aperto monetário no encontro do Copom este mês. Cálculos da gestora de recursos Quantitas mostram que a curva a termo embute agora 28% de chances de uma elevação de 0,25 ponto.

Segundo especialistas, essa reviravolta nas projeções foi provocada, principalmente, por três fatores. O primeiro foi o arrefecimento do ataque a moedas emergentes, que tirou de cena o fantasma de uma arrancada do dólar. Além disso, diretores do BC teriam passado a mensagem, em encontros com profissionais do mercado, de que não havia razão para apertar o passo. Lembraram que a Selic já foi elevada em 3,25 ponto percentual no atual ciclo de alta, iniciado em abril do ano passado. O quadro se fechou com o tombo maior que o previsto da produção industrial em dezembro e o IPCA de janeiro (alta de 0,55%) abaixo do esperado. "Com isso, não foi possível vender a tese do choque de juros que alimentou uma onda de especulações com os juros futuros", afirma um experiente gestor de renda fixa, que pediu anonimato.

Para o economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, embora o alívio da inflação no mês de janeiro deva-se, em grande medida, a fatores pontuais, o desempenho dos indicadores traz mais uma vez à discussão a possibilidade de uma desaceleração do passo do aperto já na reunião de fevereiro. "Os dados sugerem que o mercado estava exagerando na recente alta de juros, pelo menos em termos de apostas para política monetária", afirma.

Entre o fechamento do primeiro pregão de fevereiro, dia 3, e o de ontem, a taxa do DI para janeiro de 2015, por exemplo, caiu 0,40 ponto percentual, para 11,33%. Segundo Genta, o tombo dos DIs nos últimos dias é uma correção de exageros que foram cometidos pelo mercado recentemente. Ele lembra que a taxa "foward" (juro projetado para um determinado período no futuro) para 2015 apontava para uma Selic perto de 13% em 2015 e de 13,5% em 2016. Para implementar a estratégia sinalizada pelo BC até aqui - que é garantir a convergência gradual da inflação para a meta -, uma Selic próxima a 11% é suficiente.

Para o economista, que trabalha com duas altas da Selic em 0,25 ponto, o desempenho "frustrante" da atividade econômica é outro elemento que corrobora o cenário de ajuste gradual dos juros. "Pode até ser que o BC opte por um ajuste adicional, mas não deve ser algo parecido com o que o mercado chegou a projetar", afirma.

Os sinais de inflação mais branda no começo deste ano reforçam a probabilidade de encerramento do processo de alta de juros já em fevereiro, afirma o chefe de pesquisa econômica do UBS Brasil, Guilherme Loureiro, que vê uma alta final de 0,5 ponto este mês. Segundo Loureiro, as coletas diárias de preço sugerem um IPCA relativamente comportado também em fevereiro, rodando perto de 0,55% e 0,60%, e próximo a 0,45% em março. Com isso, a inflação do primeiro trimestre pode ficar próxima de 5,6% na comparação interanual. Também contribui para esse cenário de fim de alta de juros a fraqueza da produção industrial, que segue enfraquecida. "Esse conjunto de fatores me deixa muito confortável com a projeção de Selic em 11%", afirma.

O estrategista da Icap Brasil, Juliano Ferreira, mantém, por ora, a aposta em alta de 0,50 ponto da Selic este mês. Mas diz que se acumulam dados de inflação e atividade que podem mudar "balanço de riscos" e levar a uma elevação de 0,25 ponto. "A desaceleração do ritmo de aperto já não parece absurda", afirma.

Fonte: Valor


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