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Alta do CDI ajuda Tesouro a vender LTN

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17/10/2013 - 10:05

A disparada recente da taxa do CDI pode ter dado uma importante contribuição para o Tesouro Nacional: o aumento da venda das LTNs, títulos prefixados de curto prazo. Por terem seu rendimento calculado a partir da taxa dos juros futuros (referenciados no CDI), esses papéis passaram a oferecer uma taxa de retorno mais atrativa, a ponto de levar o mercado a transferir parte dos recursos antes aplicados nas operações compromissadas do Banco Central para esses títulos.

O volume destinado às operações compromissadas de longo prazo, de três ou seis meses, realizadas pelo Banco Central cresceu de forma importante no último ano, por causa de uma situação considerada distorcida pelos especialistas: o descolamento entre a taxa do CDI e a Selic, aquela que remunera as compromissadas. O CDI passou a render 0,20 ponto a menos do que a Selic no começo de 2012, ante 0,04 ponto no padrão histórico.

Essa situação atrapalhava a competitividade dos títulos do Tesouro. E beneficiava algumas instituições financeiras. Ao remunerar o investidor, o banco estabelecia um percentual do CDI. Nesse caso, quanto menor o CDI, melhor era para o banco. Na outra ponta, recebia do BC a taxa Selic, 0,20 ponto acima do CDI.

No fim de setembro, entretanto, a taxa do mercado interfinanceiro passou a rodar mais "colada" à Selic, com um diferencial de cerca de 0,05. Consequentemente, os DIs futuros seguiram a correção, assim como as LTNs. Não à toa, a demanda por esses títulos aumentou e o Tesouro ampliou o lote ofertado semanalmente.

Para se ter uma ideia do ganho de competitividade da LTN, a operação compromissada de 91 dias realizada ontem pelo Banco Central foi feita a uma taxa de 9,68%, oito pontos abaixo do rendimento da LTN de prazo semelhante (com vencimento em 1 de janeiro de 2014), de 9,5999%. Há um mês (quando a Selic ainda estava em 9%), a LTN rendia 8,90%, 47 pontos abaixo do rendimento da compromissada, de 9,37%.

A partir dessa mudança de preços, o Tesouro percebeu uma maior procura por esses títulos e a oferta foi elevada para níveis superiores ao que costumava fazer nos bons momentos, antes da instabilidade externa que fez a procura por papéis prefixados secar. Por causa dessa situação, observada desde maio, havia o risco de o Tesouro descumprir os objetivos estabelecidos pelo Plano Anual de Financiamento (PAF) no que diz respeito à composição da dívida. Tanto é que, em agosto, a fatia de títulos prefixados no total da dívida caiu para 38,21%, abaixo do piso da meta do PAF, de 41%. Com a venda mais intensa das LTNs, existe grande chance dessa distribuição convergir de volta ao nível desejável.

Evidentemente, há outras razões que explicam esse maior apetite por papéis prefixados. A principal delas é o adiamento do início da redução da compra de bônus pelo Federal Reserve, que reacendeu a demanda por títulos de países emergentes como o Brasil. Mas uma confirmação de que o movimento do CDI é um dos fatores que ajudam o Tesouro neste momento é que a venda foi reforçada especialmente nos títulos mais curtos, que são as LTNs, em vez dos papéis de longo prazo, os preferidos pelos estrangeiros.

Na semana em que o Federal Reserve indicou que o "tapering" não viria tão cedo, o Tesouro conseguiu vender um volume recorde de R$ 10,7 bilhões em LTNs de três vencimentos. Neste ano, só houve um volume maior do que esse na semana imediatamente anterior, quando a venda havia sido de R$ 4,5 bilhões. Desde então, lotes de LTNs são sempre superiores a R$ 5 bilhões.

Mais importante do que isso, a demanda firme do mercado pelos títulos fez o prêmio pago despencar. No leilão de ontem, o título com vencimento em outubro de 2014 foi negociado com prêmio 6,50 pontos acima do contrato futuro de DI de prazo equivalente, ante 17 pontos há um mês. Por outro lado, o volume das compromissadas minguou. Na sexta-feira passada, o Banco Central vendeu o equivalente a apenas R$ 2,1 bilhões.

Esses números confirmam que a correção do CDI para cima acabou beneficiando o Tesouro Nacional e, de certa forma, o Banco Central, para quem a alta dos juros futuros é bem-vinda em meio ao esforço de conter a inflação. Ninguém sabe o que provocou essa alta da taxa, que estava em 9,35% ontem. Há relatos de agentes que operam nesse mercado de que o ajuste foi provocado por uma operação entre duas instituições públicas, a uma taxa mais alta do que o mercado vinha praticando. Fica a dúvida se essa transação seria resposta a alguma orientação - ainda que extraoficial, já que esse mercado é privado -, ou se trata-se de uma simples coincidência.

Fonte: Valor


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