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Alta da Selic atrai capital externo para a renda fixa

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14/10/2013 - 09:56

Com a maior taxa de juros reais do mundo, o Brasil voltou a atrair os investidores estrangeiros de renda fixa, principalmente após a remoção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as alocações nesse mercado. Neste ano, até agosto, já entraram US$ 20,588 bilhões para a renda fixa local, volume recorde para o período e superior às entradas anuais registradas para esse segmento da série histórica do Banco Central. A tendência é que o fluxo continue forte diante da perspectiva da continuidade do ciclo de aperto monetário, o que deve ajudar a manter o enfraquecimento do dólar - que caiu 1,5% na semana passada, fechando a R$ 2,178 - e a financiar o déficit em conta corrente.

Para os investidores estrangeiros ouvidos pelo Valor, o Brasil ainda tem problemas estruturais a resolver, mas oferece um retorno atrativo. O aumento da taxa Selic para 9,5% aumentou o spread (diferença de juros) entre o mercado interno e externo, uma vez que as taxas lá fora continuam muito baixas e é improvável que subam no curto prazo.

A perspectiva de manutenção do ciclo de aperto monetário pelo BC pode dar estímulo novo para quem quer aplicar na renda fixa brasileira. Em um primeiro momento, isso pode atrair capitais de curto prazo, que são mais voláteis e buscam ganhar com as operações de "carry trade" (em que investidores tomam empréstimos em países com taxas muito baixas para aplicar em economias com taxas mais altas). "É fato que a volatilidade do câmbio caiu, mas ainda não voltou para os níveis de antes de o dólar começar a subir, e ainda há uma certa cautela", diz Mauricio Molan, economista-chefe do Santander.

Para os investidores com perfil de longo prazo, no entanto, o aumento da taxa básica de juros pode ser uma grande oportunidade de entrada. "Com a retirada do IOF, vemos um aumento dos fluxos estrangeiros e valorização do real, com os investidores sedentos por retorno buscando comprar ativos no mercado local em um ambiente de baixa taxa de juros globalmente", diz Brett Diment, chefe dos fundos de dívida soberana e de mercados emergentes da gestora Aberdeen Asset Management.

Desde junho, quando o governo retirou a alíquota de 6% do IOF para aplicações de estrangeiros em renda fixa, o fluxo para esse mercado tem sido positivo e registrava em setembro, até o dia 20, uma entrada líquida de US$ 5,430 bilhões. A decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de postergar a redução dos estímulos monetários também favoreceu o retorno dos recursos para mercados emergentes, beneficiando os títulos públicos brasileiros.

"O fluxo tem se mantido positivo, com muitos investidores querendo comprar Brasil", afirma Marcio Veronesi, diretor da área de serviços qualificados ao mercado de capitais do Citi, que detém 57% da participação do mercado de custódia para investidores estrangeiros no Brasil.

O crescimento do volume sob custódia no J.P. Morgan reflete bem o movimento. O total custodiado de investidores estrangeiros cresceu de R$ 122 bilhões em julho para R$ 139 bilhões em setembro.

Segundo Ricardo Nascimento, diretor de custódia do J.P. Morgan, a maior parte dos ativos de investidores estrangeiros está em renda variável, mas a parcela de renda fixa tem aumentado. "Antes tínhamos 20% do total sob custódia em renda fixa, hoje essa parcela aumentou para 30%." A maior parte dos investidores, diz Nascimento, tem perfil de longo prazo e não costumam reagir à volatilidade.

A Pimco, a maior gestora de renda fixa do mundo com US$ 1,97 trilhão sob gestão, é um desses investidores que tem visto os títulos públicos brasileiros como atrativos em termos de potencial de retorno. Para Lupin Rahman, vice-presidente executiva de gestão dos fundos de mercados emergentes da Pimco, no entanto, os próximos 12 meses podem ser mais voláteis, com as eleições e o potencial risco de rebaixamento do Brasil.

A diretora de gestão de renda fixa para mercados emergentes da gestora americana TCW, Marcela Meirelles, destaca que o Brasil está começando a voltar a ficar atraente, com a melhora da percepção dos investidores em relação à comunicação do BC, mantendo o comprometimento com a meta de inflação e a criação de um programa de intervenção diária para reduzir a volatilidade no câmbio. "O fator que ainda pode conter um aumento da alocação para o Brasil é a falta de comprometimento do lado fiscal e a expansão do crédito por meio dos bancos públicos."

Apesar dos retornos atrativos, os investidores destacam que o Brasil ainda apresenta alguns problemas estruturais que podem limitar o fluxo de recursos para o país, como aumento do déficit em conta corrente e falta de reformas estruturais, além da maior incerteza em relação à eleição no ano que vem, que têm colocado os gestoras em uma posição mais cautelosa.

Apesar de destacar que está com uma posição acima da média do mercado nos bônus soberanos brasileiros em reais, Ward Brown, do time de gestão dos fundos de dívida de mercados emergentes da MFS Investment Management, ainda vê o país entre o grupo de mercados mais vulneráveis à futura redução dos estímulos monetários pelo Fed (BC dos EUA). Neste cenário, países com maior déficit em conta corrente como África do Sul, Turquia, Índia, Indonésia e Brasil seriam os mais prejudicados.

Para Diment, da Aberdeen, o Brasil está em situação melhor que esses países, uma vez que a dívida sobre o PIB é relativamente baixa e o país tem conseguido atrair investimento estrangeiro direto. "Como resultado, o Brasil tem o financiamento mais forte entre os principais países com déficit em conta corrente, como a Índia e a Indonésia." (Colaborou José de Castro)

Fonte: Valor


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